4 combustíveis alternativos para você acompanhar

Com o crescente debate sobre a sustentabilidade e a redução das emissões de gases de efeito estufa, os combustíveis alternativos têm ganhado cada vez mais destaque no cenário energético global.

Em um momento onde a dependência dos combustíveis fósseis é cada vez mais questionada, novas alternativas surgem como soluções promissoras para promover uma matriz energética mais limpa e eficiente.

Entre essas alternativas estão o etanol, o biometano, o SAF (combustível de aviação sustentável), o diesel verde e o biodiesel.

Esses combustíveis contribuem para a diminuição da pegada de carbono e também oferecem benefícios econômicos e ambientais importantes, representando um passo significativo em direção a um futuro mais sustentável.

Neste artigo, vamos explorar essas alternativas, suas características, aplicações e o cenário futuro esperado. Para tanto, conversamos com diferentes especialistas do setor:

  • Sobre o Etanol: Mário Campos, presidente da SIAMIG Bioenergia/ Bioenergia Brasil;
  • Sobre o Biometano: Andressa Pereira, consultora técnica, e Leidiane Mariani, CEO e fundadora da Amplum Biogás;
  • Sobre o SAF: Felipe Marques, diretor de desenvolvimento tecnológico e Aline Scarpeta, gerente de estruturação de projetos no Centro Internacional de Energias Renováveis e Biogás (CIBiogás);
  • Sobre o Diesel Verde e Biodiesel: Wellington Sousa, especialista em Energias Renováveis e executivo de negócios no Energy Hub.

Continue conosco para conferir este bate-papo sobre os combustíveis alternativos!

1. Etanol 

A busca por alternativas para a descarbonização do setor de transporte no mundo mobiliza esforços em direção a possibilidades verdadeiramente verdes, economicamente viáveis e socialmente justas.

O Brasil, há anos, encontrou nos biocombustíveis essa alternativa, com destaque para o etanol. 

Mário Campos explica que o combustível sustentável, produzido e utilizado em larga escala em nosso país, representa quase 50% da demanda dos veículos leves em território nacional.

“O Brasil produz mais de 35 bilhões de litros de etanol, seja para abastecimento em sua forma pura ou na mistura com a gasolina, atualmente em 27%”, ressalta.

O entrevistado acrescenta que a produção nacional do etanol, a partir da cana-de-açúcar ou do milho, é praticamente toda certificada e reduz em até 90% as emissões dos gases de efeito estufa quando comparada à gasolina.

“Para o futuro, além de aumentar a participação no uso da frota brasileira, o etanol se destaca pelo potencial de ser utilizado também na produção de SAF – combustível de aviação sustentável, como combustível para navios e até para a produção do tão falado hidrogênio de baixa emissão”, prevê.

Recentemente, segundo Campos, o Brasil aprovou a Lei Combustível do Futuro, criando a política pública necessária para consolidar ainda mais os biocombustíveis, entre eles o etanol, como a melhor alternativa para a descarbonização do setor de transporte no país.

“Servimos de exemplo para outras nações que também podem adotar esse caminho”, comemora.

2. Biometano

Já o biometano é um biocombustível obtido a partir da purificação do biogás, um gás renovável gerado pela decomposição de matéria orgânica em ambientes anaeróbios, ou seja, sem oxigênio.

“A composição é semelhante à do gás natural de origem fóssil, sendo intercambiáveis na aplicação, podendo ser utilizado como combustível veicular, fonte de energia térmica ou insumo para a indústria”, explicam Andressa Pereira e Leidiane Mariani.

Segundo as especialistas, o mercado tem demonstrado interesse crescente no biometano, destacando-o como uma “solução relevante para a redução das emissões de gases de efeito estufa e para o cumprimento das metas de descarbonização nas indústrias e no setor de transporte”.

“Esse biocombustível renovável contribui para a transição energética, oferecendo uma alternativa mais sustentável e descentralizada ao diesel, GLP e gás natural”, comentam.

Atualmente, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), existem 8 plantas de biometano autorizadas e em operação, totalizando cerca de 615 mil Nm³ por dia de capacidade instalada. 

Outras 31 plantas estão em fase de autorização e/ou construção, o que deve elevar a capacidade para cerca de 1,3 milhão de Nm³/dia até 2026.

“Além dessas plantas registradas na ANP, há unidades em operação que utilizam o biometano produzido internamente, seja em caldeiras ou na frota veicular própria”, observa Pereira. 

Em todos os casos, o biometano gera receitas, reduz custos e contribui significativamente para a descarbonização.

No entanto, ainda existem desafios para que o biocombustível alternativo alcance plena competitividade no mercado, incluindo questões relacionadas à infraestrutura logística, custos de produção e valoração do atributo ambiental.

3. SAF – Sustainable Aviation Fuel

Felipe Marques e Aline Scarpeta iniciam a entrevista falando sobre a razão do SAF, também conhecido por BioQAV, estar ganhando tanta relevância no mercado dos biocombustíveis.

“A escolha do bioquerosene de aviação (BioQAV) é motivada por uma demanda futura criada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI) por meio da consolidação do programa CORSIA (Esquema de Compensação e Redução de Carbono para Aviação Internacional)”, explicam.

O CORSIA, segundo os convidados, visa reduzir e compensar as emissões de CO2 da aviação por meio de um conjunto de medidas, incluindo melhorias tecnológicas e operacionais e, em última análise, a promoção de combustíveis alternativos sustentáveis.

“O Brasil está incluído no escopo dos países CORSIA e, a partir do ano de 2027, as emissões internacionais dos operadores brasileiros precisarão ser compensadas por meio da compra de créditos de carbono ou do uso de combustíveis elegíveis ao CORSIA, especialmente combustíveis de aviação sustentáveis”, completam. 

No entanto, mesmo que o uso do SAF possa reduzir as emissões dos gases de efeito estufa do setor da aviação, o abatimento está atrelado a diferentes tipos de SAFs, que,conforme os especialistas, podem ser obtidos por meio de variadas rotas de produção e matérias-primas.

“No Brasil, o setor de transportes é um grande mercado para combustíveis provenientes do Power-to-X, responsável por 33% da demanda energética brasileira”, cita Felipe Marques. 

“O setor também é um dos maiores emissores de gases de efeito estufa do setor energético. Estima-se que em 2021, ele foi responsável por 38% dos GEE emitidos, cerca de 204 Mt CO2e”, completa Aline Scarpeta.

4. Diesel Verde (HVO) e Biodiesel

O HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) e o biodiesel são combustíveis para o ciclo diesel derivados de biomassa. 

“Esse combustível é considerado uma alternativa promissora e ecológica ao diesel fóssil, pois reduz significativamente as emissões de gases poluentes, como o dióxido de carbono (CO₂)”, observa Wellington Sousa.

Conforme o convidado, o HVO pode ser produzido utilizando a infraestrutura já existente de refinarias de petróleo.

“No Brasil, a Petrobras já está fabricando esse combustível na refinaria Presidente

Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), a partir de matérias-primas renováveis, como o óleo de soja e o sebo bovino”, conta Souza. 

Ele afirma que, segundo o Centro de Conhecimento em Bioenergia, o HVO representa uma alternativa eficaz para reduzir as emissões no transporte de carga, sendo um hidrocarboneto puro.

“Em termos de emissões, temos redução de CO₂, material particulado fino, hidrocarbonetos (HC) e monóxido de carbono (CO)”, acrescenta.

“O HVO pode ser utilizado em caminhões, tratores, caminhonetes, automóveis e motores estacionários para geração de energia. Contudo, existem desafios a serem considerados”, alerta.

Entre as principais dificuldades estão a concorrência com a produção de alimentos e o custo, afinal “é provável que o diesel verde seja mais caro para os consumidores finais em comparação ao convencional”.

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Fonte: Intermodal Digital – 12/02/2025