A Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) estima que as vendas dos eletrificados (elétricos e híbridos) vão aumentar neste ano. “Devem chegar a 150 mil unidades, ante 94 mil comercializadas em 2023”, diz o presidente da entidade, Ricardo Barros. Confirmada a estimativa, a participação de mercado desses veículos subiria de 6% no ano passado para 8% em 2024.
Os números sinalizam o avanço comercial desse tipo de automóvel, em um movimento passível de ganhar mais tração em razão de investimentos bilionários anunciados pelas montadoras, que passam a mirar no híbrido flex, sem abandonar o elétrico, refletindo razões econômicas e estratégicas e também para cumprir exigências de descarbonização e de redução da emissão de poluentes do setor.
A oitava fase do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve) vai entrar em vigor no próximo ano e passará a exigir metas corporativas das montadoras, a fim de reduzir progressivamente a produção de gases poluentes até 2029. Isso significa que, se a companhia vender um carro com emissões acima da média, terá que vender outro que esteja abaixo para se manter dentro dos parâmetros.
Marcelo Bales, gerente de avaliações de emissões veiculares da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), diz que apesar do aumento da frota – são mais de 32 milhões de veículos no Estado, segundo o IBGE – as emissões totais vêm caindo, porque o Proconve estabelece limites cada vez mais restritivos e a indústria vem adotando tecnologias para reduzir os índices.
Se continuarem com modelos desatualizados, vão perder espaço” — Henry Joseph Jr.
Já o Programa Mover visa aumentar a descarbonização da frota e estimular a produção de novas tecnologias. Lançado no fim de 2023, prevê incentivos fiscais para empresas do ramo automotivo que investirem em sustentabilidade e cumprirem obrigações a fim de diminuir seu impacto ambiental. Desde então, as montadoras anunciaram investimentos bilionários no país – o valor divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento supera os R$ 107 bilhões.
“As empresas sabem que têm de fazer os investimentos até para manter a visibilidade do produto delas no mercado. Se continuarem com modelos desatualizados ou que não tenham atratividade, vão perder espaço”, afirma Henry Joseph Jr., diretor-executivo da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Apesar de não emitirem CO2 e poluentes, os veículos elétricos, vistos como parte da solução para combater as emissões, enfrentam dificuldades como falta de infraestrutura para recarga e custos mais elevados. Em consequência, o híbrido flex ganha espaço. “É uma solução positiva para o mercado brasileiro, porque não tem o mesmo preço de um elétrico puro e permite redução do nível de emissões”, afirma Joseph. Ainda assim, as chinesas BYD e GWM seguem apostando nos elétricos.
Segundo o diretor de comunicação da Toyota, Roberto Braun, o fato de o Brasil ter ampla estrutura para o etanol, com 42 mil postos espalhados pelo país que vendem o combustível, é outro ponto positivo para essa tecnologia. “Ela é sustentável, pois combina a alta eficiência do motor elétrico com as baixas emissões do motor flex abastecido com etanol”, afirma.
Fonte: Valor Econômico – 22/04/2024